Um juiz em São Paulo viveu sob o nome falso Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield por mais de 40 anos. Após tentar obter uma cópia instantânea de sua identidade em um escritório do Poupatempo na Sé, centro de São Paulo, ele foi pego em outubro de 2024.
O nome verdadeiro do juiz é José Eduardo Franco dos Reis. Essa revelação abalou o judiciário brasileiro e abriu sérios debates sobre falhas na detecção de fraudes, protocolos de fiscalização e a legitimidade das decisões judiciais proferidas durante sua carreira. De acordo com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), José Eduardo utilizou documentos falsos para ingressar no judiciário e ascender na hierarquia usando uma persona completamente fictícia.

Detalhes Pessoais e Profissionais de José Eduardo Franco dos Reis
Campo | Detalhes |
---|---|
Nome Real | José Eduardo Franco dos Reis |
Nome Falso Utilizado | Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield |
Tempo com Identidade Falsa | Mais de 40 anos |
Descoberto Quando | Outubro de 2024 |
Onde Foi Descoberto | Poupatempo da Sé, São Paulo |
Acusações | Falsificação de documentos, falsidade ideológica |
Situação Atual | Juiz Aposentado |
Penalidades Até o Momento | Aposentadoria suspensa pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) |
Denúncia Oficial Por | Ministério Público de São Paulo (MPSP) |
Fonte Confiável | CNN Brasil |
Nome Falso, Poder Real: A Ascensão de um Juiz no Sistema
José Eduardo ingressou no serviço público usando documentos fraudulentos. Seu nome falso, com sotaque britânico, e seu sotaque polido o ajudaram a se integrar aos círculos judiciais de elite. Ao longo de sua carreira, ele proferiu centenas de decisões, presidiu casos delicados e manteve o respeito de seus pares.
Associados nunca questionaram sua formação. Ele citava frequentemente sua suposta ascendência europeia em pareceres jurídicos. De fato, incluiu o nome “Edward Dodd” em citações legais. Essa manipulação adicionou camadas de autoridade e legalidade percebidas ao seu trabalho.
Descoberta no Poupatempo gera reprovação pública
A reprovação começou quando José Eduardo visitou um centro do Poupatempo para solicitar um novo documento de identidade. Os policiais notaram uma discrepância entre os dados biométricos e os registros pessoais. Uma verificação de rotina se intensificou quando seus dados dispararam um alerta no registro civil.
Os investigadores descobriram que o juiz havia criado e mantido individualidades binárias por décadas. Enquanto “Edward” constava em registros legais sancionados, “José Eduardo” tinha um histórico mercenário escasso e irregular — o suficiente para alertar as autoridades.
Judiciário reage anulando pareceres sob escrutínio
Especialistas jurídicos questionam se os pareceres, decisões e pareceres de José Eduardo devem permanecer válidos. Os tribunais agora precisam determinar o impacto de sua identidade falsa nos processos judiciais. Embora o conteúdo de suas decisões possa ser razoavelmente sólido, o princípio da legitimidade é questionado quando a autoridade que as emite é fraudulenta.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) anunciaram revisões. Dezenas de advogados já entraram com recursos, buscando a reversão de condenações com base em potencial ilegitimidade.
Ele Viveu a Mentira com Ousadia
De acordo com Migalhas, o juiz não se esquivou da exposição pública. Deu entrevistas, proferiu discursos e participou de programas de treinamento judicial. Durante essas aparições, repetiu seu nome falso com confiança. Em uma decisão, ele de fato declarou: “Minha formação multilateral enriquece minha interpretação dos princípios indígenas”, referente à sua suposta origem anglo-brasileira.
O que torna este caso notável não é apenas a fraude, mas a calma com que ele a sustentou. Isso levanta questões sobre verificações de antecedentes, a verificação de dados do registro civil e o controle institucional em geral.
Havia um motivo além do nome?
A escolha de um nome longo e elaboradamente estrangeiro pode ter sido estratégica. Ao criar uma persona que soasse aristocrática e internacional, José Eduardo provavelmente pretendia desarmar o escrutínio. O nome Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield soa estranho demais para ser falso — ironicamente, pode ser por isso que funcionou.
Essa identidade falsa lhe deu peso simbólico em decisões de alto perfil. Vários veículos de comunicação sugerem que a identidade falsa o ajudou a contornar o escrutínio em promoções, prêmios e nomeações para comitês.
Pensão suspensa, mas investigações em andamento
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) suspendeu os benefícios de saque de José Eduardo após as denúncias. Ainda assim, especialistas jurídicos observam que o cancelamento sem fim pode levar tempo, dependendo do devido processo legal. Enquanto isso, o Ministério Público continua sua investigação criminosa, com a possibilidade de descobrir parceiros ou facilitadores.
Seus recursos e contas bancárias também estão sob análise. O Conselho Nacional de Justiça ordenou uma inspeção completa de seus rendimentos, documentos e todos os casos que ele administrou. No entanto, a Ordem dos Advogados pode enfrentar uma onda de ações e processos civis, caso surjam irregularidades nesses casos.
Como o Judiciário Não Percebeu
Este caso expôs excrecências estruturais no processo de verificação judicial brasileiro. Apesar dos avanços em bancos de dados digitais, as verificações cruzadas entre registros civis e cartórios falharam. Nenhum alarme foi acionado em nenhum momento durante suas quatro décadas de carreira.
As autoridades afirmam que, na época em que José Eduardo ingressou no serviço público, os sistemas de verificação eram baseados em papel e frágeis. Com o tempo, a digitalização não integrou completamente os registros antigos, permitindo que crimes ou fraudes de longa data passassem despercebidos.
Implicações mais amplas para o sistema jurídico brasileiro
O escândalo pode forçar uma revisão na forma como os juízes são verificados e monitorados. A confiança nas instituições foi afetada. Juristas alertam que falhas sistêmicas como essa prejudicam a credibilidade da administração da justiça, especialmente em casos politicamente sensíveis.
Para prevenção futura, o CNJ está trabalhando em um processo de verificação de identidade em várias etapas, envolvendo a revalidação biométrica para todos os juízes, ativos ou aposentados.
Um legado construído sobre mentiras
O Caso do Juiz Com Nome Falso não é apenas uma anedota bizarra — é um estudo de caso sobre fragilidade institucional. Um homem enganou um sistema inteiro por quatro décadas. Agora, os tribunais devem trabalhar para restaurar a confiança, reparar o dano e garantir que a justiça, no mínimo, saiba o nome de quem a aplica.